segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Existem filtros HEPA e filtros HEPA.

Trabalho com sistemas de filtragem por mais de 20 anos e confesso, nunca me incomodei muito com o uso errado do termo filtro HEPA por muitos no mercado.

Ocorre que, em virtude desta pandemia, muita gente tem usado o termo e o filtro de maneira errada para aproveitar a oportunidade e sensação de insegurança dos usuários.

Enfim, pretendo colaborar para esclarecer um pouco sobre o tema e livrar os usuários de alguns espertinhos:


- HEPA não é um filtro, uma marca ou outra coisa. É uma sigla que significa High Efficiency Particulate Air filter, ou seja, filtro de alta eficiencia para partículas.

Na prática, o termo não diz nada, pois o que é alta eficiência para uns não é para outros...

Então, foi necessário definir o que quão alta é essa eficiência e qual é o tamanho dessa partícula.


Sendo assim, filtros realmente HEPA são testados conforme normas internacionais - IEST (EUA), EN1822 (Europa) e ISO 29463 (global).


No caso destas duas últimas, um filtro para ser HEPA deve ter uma eficiência mínima superior a 99,95% para partículas de maior penetração, ou seja, aquelas mais difíceis de filtrar (geralmente em torno de 0,12-0,18 micrometros para os filtros tradicionais).

Além disso, os filtros HEPA devem ser testados 100% após sua fabricação. Este é um requisito obrigatório. Se não é cumprido, não pode ser vendido com HEPA.


Outro ponto importante é: não basta o meio filtrante ser HEPA, o filtro todo montado (moldura, vedação, projeto construtivo, etc) tem que ser HEPA. Por isso que ele é testado em 100% dos casos.

É mais ou menos assim: comprar uma boa carne para fazer o churrasco não é certeza de que ela vai sair no ponto. Depende do churrasqueiro e da aprovação de quem come.


De mesma maneira, não é porque um sistema, seja ele qual for, tem um filtro HEPA instalado que o sistema tem a eficiência total HEPA. Isso vai depender do sistema de aperto, formato construtivo do encaixe do filtro, vedações e etc.


Enfim, muito cuidado com o "filtro HEPA" instalado nesses equipamentos que vemos por aí, principalmente os mais baratos e portáteis. Geralmente não entregam o que um filtro / sistema HEPA deveria entregar.

domingo, 26 de abril de 2020

Canal Fórum Qualidade do Ar no Youtube

Neste mês de abril inauguramos o canal do Fórum Qualidade do Ar no Youtube.
A ideia é promover debates entre os profissionais do setor, sem qualquer conteúdo comercial, onde as melhores práticas para incrementar a qualidade do ar interno serão discutidas.

Os três primeiros vídeos foram postados e tratam dos desafios aos sistemas de filtragem impostos pelo Sars Cov-2, vírus causador da COVID-19.

Abaixo está o endereço do canal.

https://www.youtube.com/channel/UCw74eJnM-MKMrxPDaIJ1hHQ

domingo, 22 de março de 2020

Purificadores de ar com filtros HEPA e o Covid-19

Na qualidade de especialistas em filtragem do ar e, considerando as circunstâncias atuais de disseminação do Covid-19 no Brasil, julgamos importante nos posicionar. Neste momento é necessário reforçar aspectos técnicos e cuidados a serem considerados na tomada de decisão, para evitar mais riscos do que benefícios.  
Os filtros HEPA são largamente empregados na indústria farmacêutica e em hospitais (além de outras aplicações industriais). Sua principal característica é a alta eficiência para a filtragem de partículas sub-micromicas, entre elas microrganismos como bactérias e vírus.
Isto ocorre porque sua eficiência mínima é determinada para a partícula de maior penetração (MPPS) que, geralmente está próxima de 0,2 mícron (para filtros tradicionais) e de 0,08 mícron (para filtros em membrana).
A informação que circula atualmente é de que o diâmetro do Covid-19 é aproximadamente 0,18 mícron. Neste sentido pode-se que considerar que um filtro HEPA H-13 é capaz de filtrar mais do que 99,9% do vírus presente no ar.
Então o filtro HEPA é a solução?
Infelizmente não. O vírus se transmite no ar, porém sua alta taxa de transmissão é devida a sua permanência elevada em superfícies (o que não é muito comum). Por isso, a limpeza das mãos e das superfícies de contato é fundamental.
Sendo assim, o uso de barreiras de contenção primarias (máscaras, luvas) e higienização constante é fundamental.
Mas, e os filtros?
Eles podem ter um papel importante na redução das partículas no ar. Entretanto, o uso de um filtro por si só não garante que o ar limpo atingirá o local desejado, por exemplo, o leito de um paciente. Neste caso a difusão do ar limpo tem um papel fundamental para assegurar a adequada diluição dos contaminantes internos. Em termos técnicos, chamamos de efetividade da ventilação. Geralmente um bom sistema (de fluxo não unidirecional) apresenta uma efetividade de ventilação de aproximadamente 70%, isto é, o ponto onde a contaminação deve ser evitada é cerca de 30% mais contaminado do que a média do local.
No caso de isolamento (quartos em que há pacientes infectados), é recomendado que seja mantido em pressão negativa, isto é, o ar contaminado não pode sair do local sem que haja uma filtragem HEPA efetiva (isto é, com o sistema todo testado contra vazamentos). Isso não pode ser obtido unicamente com purificadores reciclando ar.
E os purificadores de ar?
Esses devem ser avaliados com extrema cautela, pois podem oferecer uma falsa sensação de proteção.
Não basta o equipamento ter um filtro HEPA instalado que assegura sua eficácia. Alguns critérios são fundamentais para a avaliação de sua aplicação, portanto é altamente recomendável a sua análise, entre eles destacamos:    

  • Possibilidade de verificar se o sistema tem vazamentos: - explicamos, o filtro HEPA tem sua eficiência testada em fábrica, mas a eficiência final do sistema depende de seu modo de montagem dentro do equipamento. Infelizmente é muito comum encontrarmos vazamentos nos sistemas devido ao projeto construtivo equivocado do equipamento ou ainda má instalação do filtro. Neste caso, o filtro irá vazar e consequentemente o vírus também. Por isso, o equipamento deve permitir o teste de estanqueidade do conjunto (que é normalizado) a fim de assegurar que o filtro e o equipamento estão íntegros e isentos de vazamentos;
  •  Alcance da distribuição do ar limpo e capacidade de diluição do ar do ambiente: não adiante o equipamento filtrar o ar de somente um espaço limitado do ambiente, portanto essa informação é fundamental para se conhecer a efetividade de ventilação do sistema e consequentemente o grau de proteção que está sendo oferecido aquele ambiente/paciente;
  •  É recomendado que o sistema de troca e manipulação dos filtros seja seguro. Para situações como essa, de alta transmissibilidade, é recomendado o sistema Bag-in Bag-out, onde os operadores/manutentores não tem contato algum com os filtros e estes já são trocados e descartados diretamente dentro de sacos plásticos apropriados, sem qualquer contato com o ar ambiente. Relembro: como o vírus fica ativo em superfícies por um longo período, o meio filtrante do filtro estará certamente contaminado e precisa ser resguardado.
  •  É recomendado que o sistema permite a desinfecção por agente sanitizante, por exemplo névoa de peróxido de hidrogênio, garantindo que o equipamento seja mantido isento de contaminantes em suas partes internas.
  •  É recomendado evitar a movimentação do equipamento de um ambiente para outro (muitos equipamentos são vendidos como portáteis), pois como dito anteriormente podem favorecer a contaminação cruzada entre ambientes. No caso de inevitável movimentação, é importante a avaliação criteriosa do risco e a aplicação de medidas de sanitização e avaliação da sua eficácia.

Recomendações finais: neste momento o desafio é enorme e as soluções devem ser administradas com bastante cautela e baseadas em conceitos técnicos e de gestão de risco, pois algumas soluções simples podem acarretar a falsa sensação de proteção e aumentar ainda mais o problema.

José A. S. Senatore - Engenheiro

Marco Adolph - Engenheiro PhD

sexta-feira, 12 de julho de 2019

NBR ISO16890-3 está em consulta pública

A tradução da norma ISO 16890 parte 3 para o português foi finalizada pelo CEE-138 (com costumeiro apoio da Abrava e CB-55) e está em consulta pública até 08 de Agosto.
Título da norma: Filtros de ar para ventilação em geral Parte 3: Determinação da arrestância inicial e da resistência ao fluxo de ar versus a massa de pó de ensaio acumulada.
O objetivo principal desta norma é apresentar o ensaio realizado para determinar a eficiência de filtros de ar (ventilação geral - HVAC) que têm eficiência inferior a 50% para partículas ePM10 (menores que 10 micrometros).
Além disso, a norma descreve o procedimento para o ensaio de carregamento de pó, visando determinar a capacidade de acumulação de pó dos filtros, neste caso aplicável à todas as eficiências.
* Vale notar que, apesar da acumulação de pó determinada através do ensaio prescrito nesta norma não ser comparável com as condições reais de cada aplicação, uma vez que o pó utilizado pode ser diferente daquele encontrado em campo, ele é um bom indicativo para a comparação entre filtros de diferentes modelos e fabricantes.
** Outra informação interessante também é que o pó utilizado nesta norma é diferente daquele empregado nas normas mais tradicionais como Ashrae 52.2 e NBR16101. Neste sentido, os filtros que anteriormente apresentavam um valor de acumulação de pó (de acordo com estas normas) certamente deverão apresentar valores diferentes quando ensaiados conforme a nova norma ISO, pois as características do novo pó utilizado são bastante distintas e mais próxima da realidade de campo encontrada atualmente.

Para maiores informações sobre a consulta pública, veja: https://www.abntonline.com.br/consultanacional/

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Unidades centrais de ar condicionado: - não está na hora de ter uma norma sobre isso?

Os profissionais que "circulam" por instalações de ar condicionado central no Brasil sabem que muitas delas operam em condições inadequadas e, às vezes, lamentáveis.
Em geral, pode-se verificar bons projetos que, quando saem do papel para a instalação sofrem enormes desvios.
Quando tratamos de unidades centrais de ar condicionado (conforto) ou unidades mais complexas de tratamento de ar, isto fica também bastante evidente.
A busca pelo bom desempenho dos equipamentos é uma realidade que deve ser enfrentada pelos projetistas, instaladores e administradores.
O uso de equipamentos com projetos e construção duvidosos compromete, além do desempenho técnico, a qualidade do ar fornecido aos usuários e / ou processos.
Além disso, fatores como alto desempenho energético também são importantes para os custos operacionais da instalação ao longo de seu ciclo de vida.
Fora do Brasil já existem normas que abordam diretamente os requisitos de desempenho das unidades de ar condicionado central e também as unidades de tratamento de ar para fins de alta higiene.
Estas normas determinam a classificação dos equipamentos com respeito ao seu desempenho energético, isolamento térmico, deflexão e resistência mecânica dos painéis de construção, estanqueidade global, estanqueidade dos caixilhos de filtragem, nível de ruído, entre outros.
Classificados desta maneira os equipamentos poderão ser, em primeiro lugar, equiparados tecnicamente e, mais adiante, selecionados conforme a real necessidade dos usuários.
Trata-se de uma enorme ferramenta aos projetistas.

Abaixo, apresento alguns critérios de classificação de equipamentos conforme norma europeia DIN EN 1886 que é referência neste assunto:

Vazamento / Estanqueidade dos gabinetes:


Isolamento térmico:

Pontes térmicas nos perfis estruturais:

Resistência mecânica dos painéis:

Vazamento admissível nos caixilhos (de acordo com a eficiência do filtro):


Infelizmente no Brasil ainda não há uma norma que é referência para a classificação dos equipamentos tipo Fan Coil ou equipamentos maiores com Expansão Direta.
E, a grande consequência disso são sistemas com menor eficiência energética, além da qualidade do ar, por vezes, comprometida.





terça-feira, 10 de setembro de 2013

SBCC promoverá ciclo de palestras gratuitas na Febrava

A SBCC (Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação) irá promover um ciclo de palestras gratuitas em seu pavilhão durante a Febrava - tradicional feira de HVAC, que ocorrerá entre os dias 18 e 21 Setembro.

Serão diversos temas abortados pelos especialistas convidados, inclusive o que há de mais recente no que diz respeito às normas vigentes e tecnologias para os sistemas de HVAC e controle da contaminação do ar.

A inscrição é gratuita e as vagas são limitadas. Para fazer a inscrição basta entrar clicar no link a seguir:
http://www.sbcc.com.br/inscricao/


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Fapesp: Pesquisa relaciona os níveis de poluição atmosférica e a quantidade de estudos científicos produzidos sobre o tema

"Por Karina Toledo, de Caxambu
Agência FAPESP – Em um artigo publicado em agosto na revista Nature Reviews Cancer, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) apresentam um mapa da poluição atmosférica no mundo e mostram que os países com piores índices de qualidade do ar são justamente aqueles com menor produção científica sobre o tema..."
Mais detalhes em: http://agencia.fapesp.br/17827
Está aí nossa missão (de todos nós): - Desenvolver pesquisas e conhecimento a respeito do tema, para que possamos cada vez mais entender os efeitos e prover tecnologia para o controle da contaminação.