terça-feira, 29 de novembro de 2011

Membros da ABRAVA, ANPRAC e CEE-138 visitam a CETESB

No último dia 16 de novembro, estivemos reunidos na sede da CETESB com os responsáveis pelo monitoramento da qualidade do ar externo (Eng. Carlos Komatsu e Dra. Maria Helena).
O objetivo desta visita foi, em primeiro lugar, conhecer os procedimentos, métodos e equipamentos de medição da qualidade do ar externo, além de discutir os critérios estabelecidos atualmente para a classificação do ar em termos de PM10 e PM2.5.
Neste empreitada estiveram representadas as entidades ABRAVA, na pessoa do Eng. Miguel Ferreirós, CEE-138/ABNT, pelo Eng. José Senatore e ANPRAC, pelo Eng. Wili Hoffmann.
Durante a tarde, pudemos visitar a estação de monitoramento e coleta de informações situada na sede da CETESB e também conhecer os laboratórios onde são verificados e analisados os resultados coletados nas mais diversas regiões do estado de SP.
No que diz respeito às concentrações de PM10 e PM2.5, pudemos apurar que existe muita informação disponível no próprio website da CETESB (principalmente as PM10), inclusive com um histórico bastante aproveitável.
Já o monitoramento das partículas PM2.5 é mais recente, mas também disponível em algumas estações de medição.
Como é feita a coleta de dados:
Basicamente o procedimento é o mesmo tanto para as partículas PM10 e PM2.5.  Trata-se de um amostrador que capta o ar externo e submete-o a um processo de separação das partículas maiores do que 10µm através de um ciclone. Após a separação é feito o monitoramento semelhante ao processo gravimétrico, verificando-se o peso das partículas aderidas ao papel filtro especial.
O processo é semelhante para a verificação das partículas PM2.5, no entanto, o ar externo é submetido a uma segunda bateria de ciclone, visando a separação das partículas menores do que 2,5µm.
Para ambos os casos, existe um mecanismo mais moderno que permite a determinação da concentração de partículas através da aplicação de radiação beta nos papéis filtros, sendo este procedimento adotado em diversos países e também reconhecido pela OMS para os critérios de qualificação do ar externo.
Abaixo apresento algumas fotos de nossa visita:

Foto 1: Amostrador externo PM10

Foto 2: Amostrador digital - PM10 (radiação beta)

Foto 3: Papéis filtro coletados PM10 (coloração mais escura) e PM2.5 (coloração mais clara)

Foto 4: Balança para pesagem de papéis PM10 (ensaio gravimétrico)

Foto 5: Central de monitoramento

Resumo:

A visita foi muito importante para a continuação dos estudos sobre qualidade do ar interior estabelecido pelas entidades representadas.
Existem dados de PM10 fácilmente disponíveis no website da CETESB que permitem aos projetistas e usuários verificar as condições específicas do ar externo em diversos pontos no Estado de São Paulo.
Os dados de PM2.5 estão sendo monitorados em algumas estações, mas a tendência é que eles estejam disponíveis também em todas as estações.
A CETESB irá divulgar em breve o resultado de um estudo que pretende alterar os padrões de controle do ar externo, aumentando a rigidez dos critérios e, consequentemente, favorecendo a qualidade do ar em São Paulo.

Agradecemos a receptividade do Eng. Carlos e da Dra. Maria Helena, bem como de toda a equipe dos laboratórios visitados e os parabenizamos pelo trabalho.

Eng. José A. S. Senatore

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Posicionamento técnico da ANPRAC referente aos filtros NBR16401-3

Posicionamento técnico da ANPRAC com respeito à eficiência de filtros utilizados para os sistemas de climatização cobertos pela NBR 16 401-2008.

 

Por: Eng. Wili Hoffmann

Depois de diversas trocas de informações com os membros da ANPRAC e outros profissionais gabaritados e de uma avaliação mais profunda sobre este assunto, que decorreu da mesa redonda do DN Projetistas que aconteceu na Febrava em setembro e reunião em seguida, é que estamos apresentando nossa opinião e sugestão para avançarmos no que diz respeito a melhorar a qualidade do ar interior, mas também estabelecer condições técnicas que proporcionem o menor uso de energia possível, mas com bases em estudos científicos de forma a assegurar ao usuário condições saudáveis nos ambiente internos.
Esta avaliação está focada somente no controle de contaminantes particulados sólidos.
Não entramos neste momento na diferenciação de serem viáveis ou não viáveis, nem no eventual impacto que estes microorganismos possam causar à saúde dos ocupantes por sua natureza. Tão somente está em discussão neste documento a concentração de partículas em suspensão do ar.
Existe uma relação direta entre a quantidade de partículas e a carga microbiana (viáveis) em um ambiente, ou seja, quanto menor for a concentração de partículas, menor poderá ser a incidência de partículas viáveis.
A norma NBR 16401-parte 3 estabelece na tabela 5 uma eficiência de filtragem para cada aplicação.

Não indica se esta filtragem deve ser feita no ar externo, no ar de retorno ou no ar insuflado de uma forma clara. Dá entender que se trata da filtragem na recirculação.
Para algumas aplicações indica duas eficiências como se tivesse sugerindo uma pré filtragem e para outras não. (ex. G3 + F8)
Também, estabelece que quando o equipamento de climatização não tiver pressão suficiente para atender ao estabelecido na tabela 5, somente o ar externo deveria ser filtrado com a eficiência indicada na tabela e para o climatizador deveria ser filtro G3.


Entendemos que a simples indicação de uma eficiência para uma determinada aplicação típica, como está na tabela 5, não é suficiente para assegurar uma concentração de partículas segura e saudável para o ocupante do ambiente, uma vez que esta concentração sequer é indicada ou conhecida.
Isto será novamente abordado mais adiante neste documento.

Clique aqui para a continuação deste artigo e download completo, ou acesse o link:http://issuu.com/forumqualidadedoar/docs/posi__o_anprac_filtroa_abnt_21-11-2011


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Recomendações de filtragem do ar - NBR16401: vale a pena reconsiderar? - Parte1

Por José A. S. Senatore

Recentemente foi nos proposto o debate acerca da tabela 5 da NBR16401-3 que apresenta recomendações de classes de filtros de acordo com o ambiente aplicado.
O principal questionamento feito foi: - Será que as classes apresentadas para cada ambiente estão realmente corretas? - Será que elas promovem a qualidade do ar adequada e necessária aos ambientes? - Será que, simplesmente utilizando-se os filtros recomendados pela tabela, as pessoas e/ou os processos estarão protegidos?
O debate se iniciou e muitos argumentos concentram o foco na necessidade de uma tabela indicativa, visando facilitar a interpretação das necessidades dos usuários em função do ambiente aplicado.  A argumentação procura reforçar que, uma referência, precisa ser oferecida pela norma, para que os sistemas não possam ser projetados sem qualquer embasamento técnico objetivo, o que, certamente poderia colocar em risco os resultados desejados para cada ambiente.
Outro ponto a favor que pode ser considerado é, de certa maneira, a padronização de conceitos e equipamentos disponíveis no mercado, uma vez que a gama de produtos capazes de atender aos principais ambientes, estaria contemplada pela tabela, facilitando a fabricação em maior escala de produtos standart pelos produtores de equipamentos (mantendo os equipamentos especiais somente para um restrito número de aplicações).
Ocorre que, por outro lado, para permitir a referência de níveis de filtragem mínima, a tabela 5 precisaria ser muito mais extensa e completa, pois os ambientes não contemplados nela devem ter seu nível de filtragem projetado por "similaridade".
Afinal de contas, se é para se ter uma referência, ela deve ser o mais completa possível.
Por outro lado, voltamos a uma questão importante: - Donde foram retirados os níveis de filtragem sugeridos na tabela? E, esta fonte, se baseou em quais estudos para determiná-los?
Na realidade, a fonte donde bebemos esta água é a ASHRAE que, por sua vez, tem um critério bastante distinto de classificação dos filtros de ar daquele adotado no Brasil.
Lá, a classificação dos filtros é dada pela mínima eficiência de filtragem, o que não ocorre na norma EN779 em vigor, que é referência na norma NBR16401-3.
Portanto, será que podemos adotar uma fonte que se baseia em critérios distintos?
Além disso, é fato que o EPA nos Estados Unidos dispõe de vasta experiência e referência no monitoramento da qualidade do ar exterior, seja de agentes voláteis, seja de partículas PM 10 e PM2.5, o que no Brasil ainda é muito raro.

Para exemplificar o que digo:

Um filtro G-3 qualquer (conforme NBR16401-3 ou EN779) apresenta eficiência média inferior a 40% para partículas maiores do que 0,4µm. O seu método de classificação é feito pelo ensaio gravimétrico (arrestância), que é, fundamentalmente baseado na retenção do pó ASHRAE em massa.

OK. Vamos lá:
Conforme dito a eficiência MÉDIA do filtro G-3 pode ficar na casa de 30%@0,4µm.
No entanto, quando novo, sua eficiência INICIAL pode ficar na casa de 0,5%@0,4µm.
Isto significa que, quando o filtro está novo, cerca de 99,5% das partículas menores do que 0,4µm não são retidas!
Entretanto, ao se substituir o filtro G-3 por um filtro F-5, cuja eficiência média é aprox. 50%@0,4µm, a eficiência INICIAL do sistema pode subir para 10%, isto é, aumentando cerca de 20 vezes a retenção das partículas menores do que 0,4µm.

Alguns podem dizer: - OK, mas as partículas que prejudicam a saúde são aquelas inferiores a 2,5µm e, neste caso, as eficiências citadas seria maiores... Concordo.
No entanto devemos considerar que, nas grandes cidades, a concentração de PM 2,5 é muito maior e, no caso da qualidade do ar interno, deve-se considerar o grau de filtragem do ar externo (de renovação), do ar recirculado (com partículas geradas dentro do próprio ambiente) e de infiltração que, apesar de representar um volume menor, é admitido no ambiente sem qualquer filtragem, aumentando a concentração de partículas internas.

Fica, neste primeiro momento as reflexões acima dispostas para o debate.

Abraços a todos,